Margarina no Pão: Afinal, Ela Faz Mal? O Impacto na Saúde do Coração e Cérebro

Margarina no Pão: Afinal, Ela Faz Mal? 

A margarina é um item presente em muitas mesas brasileiras, uma alternativa popular à manteiga. Mas você já parou para pensar no que realmente está consumindo? E quais os impactos no seu corpo, coração e cérebro? Vamos mergulhar fundo no assunto, com base na composição da margarina , o que a ciência diz sobre seus componentes e como ela afeta a nossa saúde. A margarina é uma gordura comestível feita de óleos vegetais, criada para ser um substituto da manteiga. O nome margarina vem do ácido margárico, que foi descoberto por Michel Eugène Chevreul em 1813. Na época, ele acreditava que tinha encontrado um dos três ácidos graxos que compõem as gorduras animais. No entanto, em 1853, foi revelado que esse ácido na verdade era uma mistura de ácido esteárico e ácido palmítico, no entanto a margarina foi criada como alimento em 1869.

Uma Breve História: Da Guerra à Sua Mesa

Você sabia que a margarina nasceu de uma necessidade militar? Em 1869, o imperador Napoleão III, da França, ofereceu um prêmio para quem criasse um substituto mais barato e durável para a manteiga, para alimentar suas tropas. O químico Hippolyte Mège-Mouriès venceu o desafio, criando a “margarine” (do grego margarites, “pérola”), feita originalmente de sebo bovino. De lá para cá, muita coisa mudou, principalmente os ingredientes e os processos de fabricação.

Composição da Margarina  Normal 

Para entender se a margarina faz mal, é essencial analisar sua composição. Pegamos como exemplo a lista de ingredientes e as informações nutricionais de uma margarina Vigor que nos foi fornecida.

Tabela Nutricional (Valores aproximados para 100g do produto)

Análise dos Ingredientes e Componentes:

Óleos Vegetais Líquidos e Interesterificados: São a base da margarina, fornecendo as gorduras. A “interesterificação” é um processo moderno que solidifica os óleos sem criar a temida gordura trans.

Emulsificantes (Mono e Diglicerídeos de Ácidos Graxos e Lecitina de Soja): Mantêm a margarina com a textura homogênea, misturando a água e o óleo.

Conservantes (Benzoato de Sódio, Sorbato de Potássio): Ajudam a prolongar a vida útil do produto.

Aromatizantes: Recriam o sabor e o aroma característicos da manteiga.

Corantes (Sintético, Betacaroteno): Conferem a cor amarelada.

Organismos Envolvidos na Produção de Ingredientes Geneticamente Modificados (Agrobacterium sp., Bacillus thuringiensis, etc.): A presença desses nomes indica que os óleos vegetais são de culturas transgênicas. As agências reguladoras, como a ANVISA no Brasil, consideram esses ingredientes seguros.

O Veredito da Ciência: O Impacto da Gordura na Saúde

Agora, vamos ao ponto crucial: o que a ciência diz sobre o impacto da margarina no seu corpo? Os estudos mostram que o tipo de gordura é mais importante do que a quantidade.

Gordura Trans: O Vilão do Coração

Até algumas décadas atrás, a margarina era vista como um inimigo da saúde devido à gordura trans artificial, criada no processo de hidrogenação. Ela é unanimemente condenada pela ciência por aumentar o colesterol “ruim” (LDL) e diminuir o “bom” (HDL), o que eleva drasticamente o risco de doenças cardiovasculares.

Revisão do Instituto de Medicina (EUA, 2002): Este relatório concluiu que não há nível seguro de consumo de gordura trans. https://nap.nationalacademies.org/read/10490/chapter/11

Harvard Nurses’ Health Study (1997): Um dos primeiros grandes estudos que ligou o consumo de gordura trans a um risco maior de infartos. https://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJM199711203372104

Boas Notícias: As margarinas modernas, como a da Vigor, são formuladas para serem livres de gordura trans artificial, um avanço importantíssimo para a saúde pública.

Gordura Saturada e Suas Consequências nas Artérias

A margarina, mesmo sem gordura trans, ainda possui gordura saturada. Embora a ciência tenha ajustado sua visão, a maioria das diretrizes de saúde ainda recomenda moderação.

Impacto nas Artérias: O consumo excessivo de gordura saturada pode aumentar os níveis de colesterol LDL, contribuindo para o acúmulo de placas nas artérias (aterosclerose), o que eleva o risco de doenças do coração.

Estudo: Uma análise de 2015 de Harvard, publicada no The BMJ, reforçou que substituir a gordura saturada por gorduras insaturadas reduz o risco de doenças cardíacas. https://www.bmj.com/content/351/bmj.h3978

Margarina e o Cérebro: O Elo com o Alzheimer

Pesquisas sugerem que uma dieta rica em gorduras saturadas pode estar associada a um risco aumentado de doenças neurodegenerativas como o Alzheimer. A inflamação crônica e os danos vasculares causados por essas gorduras podem afetar a saúde do cérebro.

Revisão: Um artigo de revisão na Current Alzheimer Research (2012) explora a ligação entre a dieta ocidental, rica em gordura saturada, e o risco maior de Alzheimer. https://www.ingentaconnect.com/content/ben/car/2012/00000009/00000001/art00008

Conclusão: Consumo Consciente é a Chave

A margarina de hoje é muito diferente daquela do século passado, sendo livre de gordura trans artificial. No entanto, ela ainda é uma gordura processada e pode ser rica em gorduras saturadas.

A mensagem principal é a moderação. A margarina não faz mal se consumida ocasionalmente, mas não é uma fonte de gordura que traga benefícios significativos. Para a saúde do coração e do cérebro, as melhores opções são as gorduras insaturadas, encontradas no azeite de oliva extra virgem, abacate, nozes e sementes. Priorize esses alimentos e use a margarina como um complemento, não como a principal fonte de gordura da sua dieta.