O Livro de Enoque e a Bíblia
O Livro de Enoque é um dos textos religiosos mais antigos e misteriosos. Atribuído a Enoque, ancestral de Noé, o livro contém profecias e revelações. Alguns acreditam que o livro não foi incluído na Bíblia por revelar segredos místicos sobre a criação.
A única versão completa existente do Livro de Enoque é uma tradução etíope de uma versão grega anterior. O livro traz histórias de anjos caídos, gigantes canibais e revelações sobre o fim do mundo. Enoque aparece no livro de Gênesis como o sétimo patriarca. Durante o período helenístico do judaísmo, ele foi tema de diversos textos apócrifos. Vários fragmentos aramaicos encontrados nos Manuscritos do Mar Morto são prova de que o Livro de Enoque era conhecido por judeus e pelos primeiros cristãos.
A primeira parte do Livro de Enoque descreve a queda dos Vigilantes, os anjos que geraram os híbridos humano-angelicais chamados Nefilins. O restante do livro descreve as visitas de Enoque ao céu na forma de viagens, visões e sonhos, além de suas revelações apocalípticas. Inicialmente, o Livro de Enoque era aceito na Igreja Cristã, mas posteriormente foi excluído do cânone bíblico. Sua sobrevivência se deve ao fascínio de grupos cristãos marginais e heréticos.
Apesar disso, o Livro de Enoque permaneceu canônico na igreja cristã etíope. Em 1773, o viajante James Bruce levou para a Europa cópias do texto etíope.Há muitas teorias e especulações sobre o motivo do livro de Enoque ter sido excluído da Bíblia. Uma das principais teorias é que o livro foi considerado herético pelos líderes religiosos da época, pois apresentava ensinamentos e crenças diferentes dos ensinamentos tradicionais da Bíblia. A decisão de quais livros incluir na Bíblia foi baseada em uma série de fatores, incluindo a autenticidade dos textos e sua conformidade com a doutrina cristã.
A autenticidade do Livro de Enoque é um tema de debate entre estudiosos e teólogos. Aqui estão algumas informações que podem ajudar a entender melhor:
- Manuscritos do Mar Morto: Vários fragmentos aramaicos do Livro de Enoque foram encontrados nos Manuscritos do Mar Morto, o que indica que o livro era conhecido por judeus e pelos primeiros cristãos.
- Referências no Novo Testamento: Os autores do Novo Testamento estavam familiarizados com parte do conteúdo da história do Livro de Enoque.
- Versões do Livro: A única versão completa existente do Livro de Enoque é uma tradução etíope de uma versão grega anterior. Em 1885, o livro foi traduzido para o alemão pela primeira vez em Frankfurt, enquanto fragmentos de uma cópia muito mais antiga escrita em grego foi descoberta. A comparação entre os textos etíope e grego mostrou que eles concordaram, portanto, pode-se supor que agora temos uma cópia autêntica do livro de Enoque.
- Datação: Estima-se que os trechos mais antigos do texto foram escritos por volta de 300–200 a.C., enquanto a última parte provavelmente seja datada do ano 100 a.C.
- Aceitação na Igreja Cristã: Inicialmente, o Livro de Enoque era aceito na Igreja Cristã, mas posteriormente foi excluído do cânone bíblico. Apesar disso, ele permaneceu canônico na igreja cristã etíope.
No entanto, é importante notar que a maioria dos estudiosos considera que os livros não possuem qualquer chance de terem sido escritos por Enoque, embora alguns considerem que o Primeiro Livro de Enoque pode conter algumas citações do próprio Enoque que foram preservadas e transmitidas por tradição oral. Portanto, embora existam evidências de que o Livro de Enoque existiu e foi conhecido por várias comunidades antigas, a questão de sua autenticidade e autoria ainda é objeto de debate.
Enoque é um personagem bíblico que é mencionado em várias passagens da Bíblia. Aqui estão algumas dessas passagens no velho testamento:
Gênesis 5:21-23: “Aos 65 anos, Enoque gerou Matusalém. Depois que gerou Matusalém, Enoque andou com Deus 300 anos e gerou outros filhos e filhas. Viveu ao todo 365 anos. Enoque andou com Deus; e já não foi encontrado, pois Deus o havia arrebatado.”
Gênesis 5:24: “Enoque andou com Deus; e já não foi encontrado, pois Deus o havia arrebatado.”
Hebreus 11:5: “Pela fé Enoque foi arrebatado, de modo que não experimentou a morte; ‘e já não foi encontrado, porque Deus o havia arrebatado’, pois antes de ser arrebatado recebeu testemunho de que tinha agradado a Deus.”
Estas passagens destacam a relação íntima de Enoque com Deus. Ele é descrito como alguém que “andou com Deus”, o que é interpretado como uma descrição de um relacionamento profundo e constante com Deus. Além disso, Enoque é um dos dois personagens bíblicos (o outro sendo o profeta Elias) que foram levados por Deus sem experimentar a morte.
Há várias teorias e especulações em torno da exclusão do Livro de Enoque da Bíblia, e algumas delas sugerem que certas informações foram omitidas para manter o controle sobre as pessoas por parte da igreja. Vale ressaltar que essas teorias não são aceitas por todos os estudiosos e teólogos, e muitas delas carecem de evidências sólidas. Aqui estão algumas das teorias mais mencionadas:
1. Conhecimento Proibido: Alguns argumentam que o Livro de Enoque pode conter conhecimentos proibidos ou revelações que poderiam desafiar a autoridade da igreja e ameaçar seu controle sobre as massas. A ideia é que informações consideradas perigosas foram excluídas para manter a população em uma posição de submissão.
2. Revelações sobre Anjos Caídos: O Livro de Enoque descreve interações entre Enoque e seres celestiais, incluindo anjos caídos. Algumas teorias sugerem que a inclusão dessas histórias poderia questionar a natureza do mal e da queda, desafiando a compreensão tradicional da teologia cristã.
3. Conhecimento sobre o Cosmos: Enoque é descrito como alguém que recebeu conhecimento sobre o cosmos e os segredos do universo. Algumas teorias sugerem que a inclusão dessas informações poderia ter ameaçado as visões cosmológicas aceitas pela igreja na época.
4. Influências de Outras Tradições Religiosas: Algumas teorias propõem que a exclusão do Livro de Enoque poderia estar relacionada a preocupações sobre a influência de tradições religiosas não cristãs que também mencionavam Enoque. Manter o controle sobre a narrativa religiosa era crucial para a autoridade eclesiástica.
Conclusão